quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Já não sei escrever como antes,
porque não vivo como era.
O que leio tem vida,
o que escrevo é quimera.
O que senti

sábado, 23 de junho de 2012

O que vale mais?


O que vale mais para ego?
A lei de Deus ou a Lei dos homens?
Deus diz para não roubar,
Os homens apenas punem,
Pois o prazer de ser homem
É maior que o homem de ser Deus.

O que vale mais para vida?
A lei de Deus ou a Lei dos homens?
Deus diz cuide bem dela,
Os homens a humaniza,
Pois a necessidade de ser homem
É maior que a vontade de ser Deus.

O que vale mais para o amor?
A lei de Deus ou a Lei dos homens?
Deus diz ame ao próximo,
Os homens vão e amam,
Pois a coragem de amar o homem
É maior que a palavra de ser Deus.

O que vale mais para o ético?
A lei de Deus ou a Lei dos homens?
Deus diz o bem é isso,
Os homens são inconsequentes,
Pois a incompreensão de ser homem
É maior que a consciência de ser Deus.

O que vale mais para o político?
A lei de Deus ou a Lei dos homens?
Deus diz busquem a justiça,
Os homens usam os meios necessários,
Pois a finalidade de ser homem
É maior que os meios que tem Deus.

O que vale mais para o religioso?
A lei de Deus ou a Lei dos homens?
Deus diz orem,
Os homens vão e cobram,
Pois a sobrevivência de ser homem
É maior que os ouvidos de Deus.

O que vale mais para o justo?
A lei de Deus ou a Lei dos homens?
Deus diz isso é justo,
Os homens vão e cumprem,
Pois a carência do homem
É maior que o poder de Deus.

O que vale mais para a democrata?
A lei de Deus ou a Lei dos homens?
Deus diz aguardem o momento,
Os homens vão em movimento
Pois a participação dos homens
É maior que abstenção de Deus.

O que vale mais para o livre?
A lei de Deus ou a Lei dos homens?
Deus diz tens arbítrio,
Os homens pedem condições
Pois o pagamento por ser homem
É maior que a liberdade de ser Deus.

O que vale mais para o solidário?
A lei de Deus ou a Lei dos homens?
Deus diz faça caridade,
Os homens tem maldade
Pois a comunhão de ser homem
É maior que o ativismo de Deus.

O que vale mais para o comunista?
A lei de Deus ou a Lei dos homens?
Deus diz somos iguais
Os homens finge que acreditam
Pois a busca de ser homem
É maior que a presença de Deus.

O que vale mais para o rico?
A lei de Deus ou a Lei dos homens?
Deus diz você merece,
Os homens pobres apenas lhe oferece,
Pois a segurança de ser homem
É maior que a necessidade de ser Deus.

O que vale mais para o pobre?
A lei de Deus ou a Lei dos homens?
Deus diz para aceitar,
Os homens irão impedir,
Pois a ganância de ser homem
É maior que a justiça de Deus.

sábado, 20 de novembro de 2010

Só pra constar

Só pra constar, ainda existo, mas como um cara estranho. Simultaneidades...

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Blog Novo

Enfim, morreu! Que descanse em paz!

Blog novo: http://lecaraestranho.blogspot.com

Abraços

Mais uma

Ultimo Romance
Composição: Rodrigo Amarante

Eu encontrei-a quando não quis
mais procurar o meu amor
E quanto levou foi pr'eu merecer
antes um mês e eu já não sei
E até quem me vê lendo o jornal
na fila do pão sabe que eu te encontrei
E ninguém dirá que é tarde demais
que é tão diferente assim
Do nosso amor a gente é que sabe, pequena

Ah vai!
Me diz o que é o sufoco que eu te mostro alguém
afim de te acompanhar
E se o caso for de ir à praia eu levo essa casa numa sacola
Eu encontrei-a e quis duvidar
Tanto clichê deve não ser
Você me falou pr'eu não me preocupar
ter fé e ver coragem no amor
E só de te ver eu penso em trocar
a minha TV num jeito de te levar
a qualquer lugar que você queira
e ir onde o vento for, que pra nós dois
sair de casa já é se aventurar

Ah vai, me diz o que é o sossego
que eu te mostro alguém afim de te acompanhar
E se o tempo for te levar
eu sigo essa hora e pego carona pra te acompanhar

sexta-feira, 23 de maio de 2008

Los Hermanos

Com certeza Los Hermanos era um dos melhores grupos da atual música brasileira. Fico triste por conheço-los apenas agora, mas antes tarde do que nunca. Bom, em comemoração a este momento vai algumas letras interessantes, tem outras, aliás, quase todas são ótimas.
Tá Bom
Senta aqui que hoje eu quero te falar
Não tem mistério, não
É só teu coração
Que não te deixa amar
Você precisa reagir
Não se entregar assim
Como quem nada quer
Não há mulher, irmão, que goste desta vida
Ela não quer viver as coisas por você
Me diz, cadê você ai?
E ai, não há sequer um par pra dividir
Senta aqui, espera que eu não terminei
Pra onde é que você foi
Que eu não te vejo mais?
Não há ninguém capaz
De ser isso que você quer
Vencer a luta vã
E ser o campeão
Pois se é no "não" que se descobre de verdade
O que te sobra além das coisas casuais
Me diz se assim está em paz?
Achando que sofrer é amar demais

quarta-feira, 19 de março de 2008

Tchau

Já não sei escrever como antes,
porque não vivo como era.
O que leio tem vida,
o que escrevo é quimera.
O que vivi eu senti,
o que sinto são restaurantes.

Não quero voltar,
apenas ressuscitar
o eu que jaz e que não faz.

Ainda bem que tem a Vivian,
que no momento me satisfaz.

segunda-feira, 17 de março de 2008

Um poço de emoções: um poema diferente do costume

Hoje estou um poço de emoções.
No fundo a água é frenética.
Nas laterais é libido me apertando.
No ar é sarcasmo me sufocando
Emoções são assim, vem em vão,
ficam sem pedir e vão sem avisar.
São ótimas para rimar,
principalmente com coração,
canção, violão, pião, pão e japão.
Dizem que tem emoções sem emoção,
Normalmente isso acontece
quando estamos sem inspiração.
O que hoje não é o caso,
pois como disse: estou um poço de emoções.

segunda-feira, 3 de março de 2008

E de repente:

Um anônimo diz que o outro não é um, porque o outro é anônimo e anônimo é anônimo. O outro anônimo disse que não escrevo bem, mas que o anônimo sim. Talvez porque seus textos revelam identidade, perplexidade e honestidade de ser anônimo, mas como saber se não podemos perguntar ao anônimo que resolveu se manifestar anonimamente, mas devemos acreditar, pois todo anônimo sempre tem a premissa de dizer a verdade, afinal, são anônimos e anônimos sempre tem a tendência para isso, pois não precisam dizer quem são, apenas dizer o que são. E o que são? Anônimos.

Após este texto dirão: olha como ele escreve mal, sem rimas e emoção, mas pra que emoção quando não se tem coração, apenas identificação.

sábado, 9 de fevereiro de 2008

É isso aí...

É isso aí anônimo, meus sentimentos vão por esses caminhos.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Um poema

Aproveitando o embalo, vai uma poesia perfeita.

Ninguém venha me dar vida

Ninguém venha me dar vida,
Que estou morrendo de amor,
Que estou feliz de morrer,
Que não tenho mal nem dor,
Que estou de sonho ferido,
Que não me quero curar,
Que estou deixando de ser,
E não quero me encontrar,
Que estou dentro de um navio,
Que sei que vai naufragar,
Já não falo e ainda sorrio,
Porque está perto de mim
O dono verde do mar
Que busquei desde o começo,
E estava apenas no fim.
Corações, por que chorais?
Preparai meu arremesso
Para as algas e os corais.
Fim ditoso, hora feliz:
Guardai meu amor sem preço,
Que só quis quem não me quis.

Cecília Meireles

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

A Medida da Paixão

Não tenho o hábito de publicar letras de músicas. No entanto, essa merece minha atenção, pois ela consegue dizer tudo.

A Medida da Paixão
(Lenine/Dudu Falcão)

É como se a gente não soubesse
Pra que lado foi a vida
Por que tanta solidão
E não é a dor que me entristece
É não ter uma saída
Nem medida na paixão

Foi, o amor se foi perdido
Foi tão distraído
Que nem me avisou
Foi, o amor se foi calado
Tão desesperado
Que me machucou

É como se a gente pressentisse
Tudo que o amor não disse
Diz agora essa aflição
E ficou o cheiro pelo ar
Ficou o medo de ficar
Vazio demais meu coração

Foi, o amor se foi perdido
Foi tão distraído
Que nem me avisou
Foi, o amor se foi calado
Tão desesperado
Que me maltratou

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Em Santos

Estou em Santos e vim dar uma olhada em meus e-mail´s, como ainda tenho algum tempo na Lan e mais nada para fazer resolvi escrever esta pequena mensagem, mas antes surgiu uma dúvida: qual é o aniversário do meu blog? Como já passei por várias versões de blog, seria injusto atribuir a data de nascimento ao atual. Por isso fiz uma pequena pesquisa e o primeiro texto publicado por mim foi este:
"Eu sou o espírito que sempre nega, isto porque tudo que existe merece acabar." - Goethe, Fausto
enviada por LioN oF oRaCLe
Com o seguinte comentário:

enviado por: arcanjo caído
não nego nada, não sou covarde..... se o mundo não vale a pena para alguns, que estes estão fadados a cortarem os próprios pulsos. No lodo do mundo existe uma flor dourada que brota entre os galhos podres, essa flor é o legado de busca da minha existência, aqueles que não se atrevem a procura-la também, que não se atrevem a enfrentar seus próprios medos para nadar na lama fria apenas merecem a misericórdia dos arcanjos erguidos e, talvéz, o seu perdão.
Portanto, no dia 29 de julho deste ano farão 5 anos de blogueiro. É um tempo considerável, foram acontecimentos estimados, inesperados e relatados. Amigos, leitores, criações, desconstruções, mudanças, enfim, uma vida de cinco anos descrita e lida.

sábado, 17 de novembro de 2007

Violência gera violência

É comum entre profissionais, intelectuais e cientistas sociais afirmar que violência gera violência. De fato não precisa ser intelectual para apurar a sua veracidade, basta observarmos mais atentos à realidade e constatarmos tal máxima. Trata-se de dois princípios básicos: o primeiro é que toda ação gera uma reação e o outro é o nosso próprio instinto de sobrevivência combinado com indignação diante de situações de violência individual e social. É preciso observar, entretanto, que não existe apenas um tipo de violência, a física. Para citar apenas duas temos a psicológica e a simbólica, podendo por sua vez gerar a física.
No entanto, gostaria de convidar o leitor a refletir sobre as causas da violência. Neste aspecto existe no senso comum a idéia que pobreza gera violência. Caso fosse verdade teríamos, no mínimo, 30 milhões de cidadãos comuns praticando crimes e nenhum político envolvido em esquemas de corrupção. Por outro lado, não podemos desconsiderar o fator sócio-econômico, o que ocorre é que a violência praticada por pobres é gerada pela combinação da extrema pobreza com a extrema riqueza, ou seja, a desigualdade social, que nosso país possui um dos índices mais elevados do mundo. O pobre violento é aquele que se indigna com sua situação quando observa a outra ponta da sociedade, o rico ostentando seus bens. Alguns ingênuos dizem que se trata de inveja, porém não é tão simples quanto parece. Para entendermos tal situação é preciso se aprofundar na lógica do sistema capitalista.
A ideologia capitalista burguesa declara juridicamente que somos todos iguais, mas a realidade concreta evidencia o contrário. Via de regra, as pessoas não possuem oportunidades e condições de vidas iguais, somos seres desiguais na igualdade. E a capacidade individual passa longe da explicação dessa situação. Evidente que existem diferenças entre as pessoas, mas elas não servem como explicação dessa realidade. Quantas e quantas vezes encontramos pessoas potencialmente capazes para executar igual ou melhor atividades exercidas por ricos e milionários, faltando-lhes apenas as oportunidades para se desenvolverem. O centro dessa situação está na organização do mundo do trabalho em que separa proprietários de não-proprietários, em que os primeiros extraem da combinação do trabalho coletivo dos segundos o sobretrabalho que gera o lucro, impedindo através do poder econômico o pleno desenvolvimento das capacidades dos homens e mulheres menos favorecidas. O trabalhador é o combustível das engrenagens do sistema e sua função é ser “queimado” enquanto seu proprietário usufrui dos benefícios que a máquina lhe proporciona.
Não pretendo colocar a discussão em termos maniqueístas, da luta do bem contra o mal. Seria uma simplificação arbitrária. Tal situação decorre de um processo histórico consolidado e em construção, cujo desenvolvimento deu-se no Brasil de forma tardia e atrelado a aspectos conservadores. Uma expressão desse processo é a associação do capital produtivo com o capital fundiário, que criou no Brasil uma forma específica e particular da renda da terra. A reforma agrária, por exemplo, é um problema conservado pelas elites brasileiras, enquanto em outros países essencialmente capitalistas tal problema encontra-se resolvido, para citar apenas dois temos o Japão e os EUA.
Esta organização do mundo do trabalho se expressa na composição política do Estado (leia-se organização coletiva entre os indivíduos dentro de uma sociedade). O Estado por princípio político é local no qual os segmentos da sociedade civil devem ser representados, cada qual organizado em partidos ou por outros meios. E é neste universo que se pratica atualmente o maior ato violento: a corrupção. A corrupção é uma violência contra o cidadão que paga seus impostos, uma violência contra a fé pública, uma violência contra a soberania política do indivíduo, uma violência institucionalizada, ou seja, não se trata apenas de Renas, ou Roriz, estes são apenas agentes de uma estrutura corrompida. O nome da vez passa e a instituição fica e produz outros nomes. Assim, temos a institucionalização da violência simbólica contra o indivíduo, que combinada com a desigualdade social descrita linhas acima produz a violência física nua e crua, salvo exceções patológicas, que de certa forma também possuem raízes nas relações sociais, mas não se justificam por elas. O que nos chama a atenção neste processo é a generalização e banalização da violência social cotidiana, furtos, crime organizado, violência doméstica, entre outros. Esta violência é resposta ao quadro social e político do país, embora, muitas vezes tais atores nem se dão conta disso, pois caso tivessem consciência da estrutura que cria suas vidas talvez a situação fosse diferente.
É importante lembrar que em outras épocas a política foi espaço privilegiado para expressar e lutar contra essas desigualdades. A indignação se manifestava por meio da organização política enviesada por uma postura ideológica. Foi, não é mais. O que vemos hoje é um sistema político que mostra claramente sinais de que esta via foi corrompida. E a cada dia que passa cidadãos comuns perdem sua fé no ente público e transforma a política em meio para satisfazer seus interesses particulares, praticando violência que por sua vez gera mais violência. Portanto, não basta investir em policiamento para combater o crime e a violência. É necessária a atuação em diversas frentes, entre elas, o social e o político.

quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Hoje é um dia daqueles

Hoje é um dia daqueles, daqueles em que fico deitado no tapete agarrado em minhas almofadas na tentativa de conseguir algum conforto artificial. Fiquei ali deitado tentando me observar do teto da sala. Meu corpo refletia feixes de luzes da TV que passava algum programa que não faço a menor idéia do que falava. Pensei na festa de ontem, lembrei-me da Geisa, uma advogada que conheci e que troquei olhares e algumas palavras imbecis. Não consigo entender quem sou nesses lugares, talvez seja um rapaz com olhar triste, com o peito fechado, o coração sangrando, enfim, essas coisas que não deixo transparecer. Lembrei-me também que poucas horas antes de conhecê-la havia prometido pra mim que ficaria sozinho pelo resto da vida, que não tentaria dividir minha vida com ninguém. Fico me perguntando, quando isso começou? Porque não sei mais dividir? Talvez a pergunta certa não seja esta. É melhor perguntar: algum dia eu já soube dividir minha vida com alguém? Perguntas inúteis para uma vida curta. Volto a me observar do teto, a sala está girando, girando, girando. No centro meu corpo se transforma em uma massa homogenia. No teto o poeta, no chão a realidade. Levanto-me e venho escrever essas poucas palavras, mas ambos continuam lá, um no teto e outro no chão. Aqui apenas uma carcaça, um instrumento, uma peça de computador comandada pelo poeta que sussurra sua mais sublime visão do chão. Acendo um cigarro e me lembro que me prometi parar de fumar. Volto a me perguntar: quem era aquele rapaz na festa? O do chão, do teto ou do computador? Talvez todos, talvez nenhum, agora isso já não importa, a festa acabou e ficaram apenas lembranças de um olhar.

sábado, 22 de setembro de 2007

A Terra e a Morte

A terra é um organismo vivo e todos os organismos vivos tem um destino inevitável: a morte. Nada que o ser humano fazer salvará a terra da destruição, aliás, pelo contrário, tudo que tentar fazer servirá cada vez mais para alimentar os elos desta cadeia. Não adianta ficarmos discutindo sobre a melhor maneira de preservar nosso planeta, isto no máximo pode atrasar algumas centenas de anos.
Quando a Terra parou para pensar...
A Terra é uma senhora que chegou na menopausa, ondas de calor constante assolam seu corpo já cansado. Ainda terá uma velhice tranquila, terá bons anos de vida felizes, mas com a constante entropia destruindo seu interior e exterior. No exato momento caminha até a praia para se lembrar de seus anos de vida. Senta-se a beira mar e com os olhos fixos no horizonte recorda de quando era uma criança sem entender muito o que estava acontecendo contigo. Apenas sentia as transformações ocorrendo, suas células se multiplicarem e se complexificarem. Ainda não tinha consciência, sobretudo, da morte. Não entendia que aquelas transformações dariam para si o maior prazer de pensar sobre si mesma. De entender suas paixões, angústias, prazeres, fazeres. Lembrou-se da adolescência conturbada, questionando seu pai sol porque era tão bravo e caloroso contigo. Foi nesta mesma época que se apaixonou pelo grandioso Júpiter, moreno de cabelos longos, imponente e atraente com seus satélites naturais. Alguns planetas diziam que a paixão aconteceu devido aos satélites de Júpiter, poucos possuiam satélites tão atraentes. No entanto, sua irmã Vênus ficou com ciúmes e inventou boatos que a terra tinha uma doença terrível chamada húmanus. A terra ficou enfurecida com essa história, tentou explicar para Júpiter que era apenas um vírus inofencivo, que não precisava ter medo que ele não teria condições de sobreviver em seu corpo quente. Mas foi inútil, seu amado já estava apaixonado pelos encantos de Vênus. Seu amigo Marte não concebeu a idéia e quis guerriar com Júpiter. Loucura, pensou a Terra, tão pequeno e querendo enfrentar Júpiter. Mas sua coragem chamou a atenção de nossa senhora, e Marte quase foi infectado pelo vírus húmanus. Até hoje a Terra pensa que teve alguma infecção e sempre pergunta a Marte se tem vestígios dessa época. Toda essa história mudou bastante os sentimentos da Terra, sentiu pela primeira vez que o mundo era cruel, pensou em se matar, mas resistiu e seguiu sem entender muito os rumos do destino da vida. As incertezas sempre a acompanhou, sempre recitou poemas em seus mares turbulentos e agora sente com ardor a única certeza da existência: a morte.

domingo, 8 de julho de 2007

Imprensa e impunidade

Os dois assuntos que mais aparecem na pauta da imprensa nos últimos tempos são: a responsabilidade da imprensa nas crises políticas do país e a impunidade generalizada dos políticos envolvidos nessas mesmas crises. Acredito que ambos são faces da mesma crise, que é a descrença do cidadão comum na política e da generalização de que todo político é ladrão. De um lado, a imprensa que via de regra tratam esses assuntos de forma sensasionalista, criando um clima de caça-as-bruxas, não se trata de noticiar ou não, pois quem cria a notícia não é a imprensa, mas seus protagonistas, a função de uma imprensa democrática é apresentar os fatos e as diversas opiniões sobre eles de forma que não crie mais fatos sobre os próprios, o que muitas vezes não acontece criando um clima de perseguição; do outro, temos a impunidade que livra as bruxas da fogueira da justiça, reforça o clima sensasionalista e contribui para uma visão estreita e generalizada da política. A corrupção não é um problema apenas brasileiro, mas a impunidade generalizada sim. Fazer política e imprensa em nossa sociedade são papéis importantíssimos para reforçar a democracia. A infelicidade de nosso país é que essas duas esferas estão contaminadas pelo pensamento mesquinho, particularista e imediatista.

domingo, 17 de junho de 2007

Liberdade é futilidade nesse país

Assim que tive conhecimento da frase da Marta Suplicy me lembrei de um trecho do livro de Marshall Berman, Tudo que é sólido desmancha no ar, que diz “É inútil resistir às opressões das injustiças da vida moderna, pois até os nossos sonhos de liberdade não fazem senão acrescentar mais elos à cadeia que nos aprisiona; porém, assim que nos damos conta da total futilidade disso tudo, podemos ao menos relaxar”. A vida moderna se consagra cada vez mais no Brasil, como cidadão, sinto-me cada vez mais aprisionado e parte integrante de estruturas e instituições comprovadamente falidas no objetivo de atender o bem comum, o senado é o exemplo da vez. Nem a cidadania concedida de outros tempos já não faz mais sentido, antes pelo menos os pobres tinha a proteção do senhor de engenho. Agora nas cidades ficamos a mercê da burocracia, do conservadorismo das instituições, da falta de organização e seriedade perante o cidadão. A cidadania comprada também já está difícil de exercer, pelo menos para a classe média, o direito de viajar que comprei não posso exercer plenamente como consumidor. O ditado agora é: “cada um por si e Deus pra mim”, pois quem sabe assim posso pelo menos “relaxar e gozar” no conforto da minha prisão.

sexta-feira, 15 de junho de 2007

Mudança

E eis que surge a mudança! Um conto novo e o o cachorro voador:



terça-feira, 5 de junho de 2007

Acreditar ou não, eis a questão

Odeio quando respondo as coisas e depois reflito sobre elas e mudo de opinião, ou no melhor dos casos lembro que tenho outra opinião. Fico me perguntando: por que respondi aquilo? Sendo que no meu íntimo já havia pensado e chegado a outra conclusão. Será que isso ainda não está claro pra mim? Evidentemente não quero que minhas opiniões tornem-se minhas próprias tiranas. Dizem que mudar de opinião é falta de convicção ou algo do tipo, sinceramente não compactuo com isso, mudar de opinião é sempre bom, mostra o quanto estamos abertos, o quanto estamos dispostos a ouvir e considerar o outro e o quanto podemos crescer com isso, sem, no entanto, nos abdicarmos de nossa individualidade intelectual e cognitiva. Mas o que me deixa intrigado, e às vezes irritado, é quando digo algo que na verdade reflete minha opinião mais superficial sobre o assunto. Tenho a impressão que disse apenas devido ao contexto me exigir tal posicionamento. Por exemplo, hoje aconteceu algo do gênero. Estava conversando com uma amiga e ela disse mais ou menos assim: “Já não acreditamos em Deus, se não acreditarmos nos homens, quem seremos então?”. Na hora, concordei expressando minha crença nos homens, mas agora refletindo melhor: acreditar nos homens?. Como acreditar em seres cujo mecanismo de sobrevivência se assemelha a um vírus? Como acreditar em seres cujas atitudes são como um câncer na terra? Difícil... É claro que não é tão simples assim, normalmente quando chego a este nível de indignação me pergunto: “mas eu acredito em mim?”. A resposta normalmente é sim. Aí vem o silogismo básico:

Eu sou um homem.
Eu acredito em mim.
Logo, acredito nos homens.

No entanto, meu espírito cético não fica satisfeito com essa conclusão. Sempre fica algo de desconfiança no ar, algo de “não pode ser tão simples assim”. Não posso arbitrariamente reduzir isso a uma crença individual em mim mesmo, ou posso? Mas o equivoco começa no conceito crença, o que significa crer em mim ou no ser humano? O problema, portanto, está no enunciado da questão: “já não acreditamos em Deus”. Ao colocar o ser humano no mesmo patamar de Deus, minha associação direta foi questionar a existência metafísica no caso de Deus e física no caso dos homens, por isso desconfio ter concordado no momento. Mas o sentido de crer não deve caminhar por esta via, pois isto não é uma questão digna de preocupação filosófica, pois se trata de fato ontológico. O primeiro apenas existe enquanto consciência coletiva, a existência ou não metafísica é pura especulação, ou como diria os mais sensatos: masturbação teórica. Na outra ponta, nem precisa muitas reflexões, basta um beliscão. A questão, portanto, está em acreditar se o homem é bom, se suas ações são confiáveis, enfim, se seu comportamento é digno de crença. Bom, quanto a isso basta darmos um breve olhar na história da humanidade e vermos os resultados nos dias de hoje e fecharmos com um bom silogismo dedutivo:

Eu sou um homem.
Os homens são um câncer.
Logo, eu sou um câncer.

Mas ainda falta algo. Fechar com isso seria muito fatalismo da minha parte, do mesmo jeito que acreditar nos homens seria muita ingenuidade messiânica. Sou obrigado a considerar que o ser humano também constrói coisas belas. Mas aí também sou obrigado a considerar que essas coisas não fazem parte da construção do gênero humano e sim são expressões individuais que contemplam e dizem sobre o gênero humano. Portanto, não seguirei a tendência da qual Dostoievski dissertou, que o homem moderno "ama a humanidade e odeia o indivíduo". Estou plenamente convicto (o que não significa que não posso mudar no futuro, mas duvido muito) que odeio a humanidade e amo o indivíduo. Apenas o indivíduo existe*, o resto é resto. É construção histórica. São hábitos que se transformaram em leis, religiões, instituições, enfim...

Eu sou um ser individual.
Eu acredito no indivíduo.
Logo, a única coisa que existe é o indivíduo.

*Sobre este assunto recomendo a leitura do A alma do homem sob o socialismo, de Oscar Wilde, disponível no endereço que indiquei abaixo. Em outro momento publico algo sobre isso, pois no momento estou com sono...

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Serviço de Utilidade pública

Queridos leitores, enfim, estou com internet em casa novamente, mas não estou usando meu tempo para escrever neste blog. Tenho me aventurado em outros ares e um deles é a leitura infinita de bons livros. E sabem como conseguir tais livros? É fácil, entrem neste site: http://sabotagem.revolt.org
Vocês entenderam do que estou falando... Abraços e divulgem, pois se trata de um serviço de utilidade pública contra o processo de emburrecimento das pessoas, pra não dizer outra coisa.