sexta-feira, 25 de março de 2005

Dialética de mim mesmo

Agora estou respirando melhor. No entanto, preciso de um cigarro. E nada melhor que uma dialética para fumar. Este será meu novo mundo virtual. Aquele estava me sufocando. Tive que matá-lo. Autodefesa, vocês sabem. Até o mundo paralelo teve que morrer para renascer esta síntese, que agora nem sabe mais se é praticante. É a eterna roda gigante de nós mesmos. Uma hora você é bifinho, outra leandro, outra solteiro, outra paralelo e outra dialética.
Hoje é meu último dia como morador desta casa. E o único que me faz companhia nesta sala escura é o Radiohead. Penso no ano que se passou e tento juntar os pedaços de algo que fui. Mas a única coisa que vejo são cinzas de cigarro espalhadas pelo chão. Todas um dia estiveram em meu pulmão. Algumas ainda continuam me dando prazer e dor e alegria e esperança e saudades. Mas podem ter certeza: reencontraremos! É claro que não será a mesma boca solteira e sem ferros. O todo, mudou. A felicidade anda à minha direita, as sandálias em meus pés, o vermelho em minha cor e as linhas da mudança apertando meu punho que já não escreve mais cartas de amor.
A sorte de um homem é seus amigos. A minha sorte, são meus amigos. Adoro a cada um e a uma. E o melhor de tudo: tenho a felicidade de ficar à vontade com vocês. De tirar minha roupa, de mostrar meus defeitos, minhas qualidades, minhas angústicas, meus desejos, meus pensamentos e meus amores, que, no caso, são os mais dialéticos de todos. São totalmente mutantes!
O sol já surgiu para dizer que devo dormir. Antes, um cigarro, por favor!