segunda-feira, 26 de setembro de 2005

Ser todo junto é irônico...

Todo junto é irônico. É sarcástico. É alguém que eu não conhecia, mas ainda tenho a tarde inteira com ele. Lá fora, a chuva lava minha alma, é primavera. Estamos floridos. Abaixo, bem abaixo, vejo espinhos. Não consigo enxergá-los. Mas espere! Tem uma flor saindo de minha boca. Os espinhos rasgam meus lábios e o sangue escorre entre as brancas pétalas de uma rosa que acaba de se formar entre meus sonhos. Estava na minha vida, mas foi para além do infinito. Perdeu-se na escuridão de meus olhos cansados de tanto sangue.
Essas foram as idéias que tive quando me encontrei com o Leandrotodojunto despedaçado pelas estradas da vida. O irônico da estória é que encontrei um pensamento perdido na poeira do canto da sala que há muito chorei:

Multiplicidade no múltiplo. Múltiplo na unidade. Unidade na multiplicidade. Unimultiplicidade ou multiuniplicidade. Vão todos tomar no cuuuuuuuuuuu!

Alguns diriam: amargura! Amargura! Eu diria: Cry Baby, Cry Baby!
O sarcastimo é outra estória. Onde começa? Não sei exatamente. O que me lembro é com 11 anos: Birigui, Rua Vitório Moretti, algum número, algumas vidas. Inclusive a minha. Ao meu lado, ela varre seu quintal. De cima do telhado olho para sua blusa semi aberta e vejo seus seios. O seu pensamento voa para além de qualquer telhado. Estará no futuro? Planejando sua vida amorosa? Seus filhos? Eu? Não! Apenas pensa no presente que um dia irá cobrá-la no futuro. Viva. Sinta. É System of a Down, Rerials.
Um olhar me chama. Não sei ao certo o que queres, mas mesmo assim vou. Entrego-me como uma criança. Afinal, tenho 11 anos. Mas isso não importa. No dia seguinte ela me chama. Sem saber o porquê, apresento-me prontamente. Ao olhar em seus olhos percebo que há algo de diferente. Foi na alma aquele olhar, tanto que me fez correr excessivamente a procura de mim. Viciei-me! Vejo-me sangrando pelos espinhos que perfuram meu inconsciente numa maliciosa zombaria.
Sem entender vou a busca da janela que outrora escondeu a alma atrás daquele olhar. Num piscar de olhos retorno: Birigui, Rua Vitório Moretti, algum número, algumas vidas. Mas onde está a minha? Já não lembro e vejo e sinto e sei, apenas vivo meus 25 anos que se edificaram sobre a base de um olhar. E antes? Antes veio adão e eva. Mas essa é outra história.

sexta-feira, 2 de setembro de 2005

A procura

Aproveitar a vida! Embora vivendo um paradoxo, hoje estou sentindo a vida. Aproveito meu momento e fico feliz por sentir a reciprocidade em seu coração. Optei por ficar a sós com minha multidão ao invés de encontrar-me com uma multidão solitário. Ao meu lado direito vejo minha mãe com um sorriso acolhedor. Logo atrás vejo meu pai com olhar melancólico e abatido pela vida. Embora às vezes ele me deixe irritado, meu amor supera qualquer desencontro. Ouço as doces vozes de minhas irmãs e meu irmão. Meus amigos seguram minha mão. Sinto-os e agradeço pela existência de cada um. À frente vejo a silhueta de alguém que pareço conhecer. Tenho a incerteza de conhecê-lo, mas não consigo vê-lo com nitidez. Algo está ofuscando-o. Parece que vem de trás, de muito tempo atrás. São imagens refletidas do inibido, do cortado, do traumático. Palavra forte, mas não consigo pensar em outra. Mas espere! A silhueta é definida por uma luz à sua frente. E vejo que ela está caminhando ao seu encontro. O que será? Não importa. Afinal, o momento é outro. É de caminhada. É de procura!!!!
“Vou me encontrar longe do meu lugar...
Nada a temer senão o correr da luta, nada a fazer senão esquecer o medo...
Abrir o peito à força numa procura...
Vou descobrir o que me faz sentir, eu caçador de mim”
Tenho a clareza que meu ser sempre estará a um passo a frente e que será uma eterna busca. Mas esta será uma caminhada futura. No momento, busco as parte que ficaram pelo caminho. Sinto que estão próximas. Dentro do meu peito batendo mais forte que nunca. As imagens refletidas são ritmadas pelas batidas e projetadas pelas minhas retinas que reconstroem um novo ser. O que será? Como será? Também não importa. Já disse: o momento é de procura! E ela rodopia, rodopia, rodopia....