Graças a Deus que tudo se apagou. Afinal, paredes são frias. Duras. Sem graça, sem forma, sem vontade, sem opinião, sem brilho, sem beijo. Logo o beijo. Uma coisa tão simples, e tão importante. Um detalhe. Adoro detalhes como diria Zélia Duncan. Um bater das asas de uma borboleta. Um bater quente e úmido que provoca um tufão do outro lado do mundo. O lado que fujo e admiro e (des)conheço e quero e desfaço e desejo e corro. Cansei de ser julgado heterossexualmente. Cansei de ser machista. Estou cansado de correr atrás de mim mesmo. Quero me apaixonar, me entregar debilmente a alguém que não mereça. Alguém que me entorte a cabeça, me faça rir, chorar e cair os poucos fios de cabelo que restam. Careca de paixão.
Talvez amanhã acorde diferente, talvez não. Talvez não durma novamente, talvez sim. Afinal, já são duas e meia da manhã e tenho aula às 8h.
Estou mais tranqüila, afinal já estou resolvido. Resolvido a rimar novamente e ser o bissexual fumante que procura paredes para beijar.