quinta-feira, 11 de agosto de 2005

Da série mensagens curtas...

Clarah, eu te amo!!!

Da série mensagens estressadas

Algo mudou. Tudo mudou. Não quero alegria. Quero dor e dor e mais dor. Love is suicide. Maldita! Porque entrou em minha vida? Cartola diz alguma coisa! Ainda é cedo? Vai se fode! Comer! Comer! Ainda bem que é arroz com proteína de soja. O que eu estava pensando mesmo? Sei lá, não importa. Ah, lembrei. Meus contos. Tudo invenção, criação de uma mente doentia que sofre e sente e vive e deseja e morre e inventa. Tudo culpa da impressora. Maldita! Porque falhou? Era só imprimir duas folhas. Apenas duas folhas que resumia minha vida. Minha vida? Quem se importa? O que seus olhos dizem? Nada. Nada é tudo. Na pós-modernidade, é claro. Mas não sou pós-moderno. Pelo menos não quero ser.
Ana Carolina me ajude, por favor! Ela diz: “hoje eu tô sozinha/ e não aceito conselho... hoje eu tô sozinha/ não sei se me levo/ ou se me acompanho/ mas é que se eu perder/ eu perco sozinha/ mas é que se eu ganhar/ aí é só eu que ganho... tudo parece maior, mas é melhor ficar sozinha/ que é pra não ficar pior...”
Tudo parece maior. Tudo mudou. Tudo muda. Ainda bem. A rotina é chata. A mesmice e igual a nada. Por isso sinto, sofro, ouço, choro. Clarah porque faz isso comigo? Vejam:
“Não temos escolha. Nossos corações não param. Os filhos da puta nunca param de bater, de espancar nosso peitos, doidos para pular nas mãos de alguém. Nossos corações são como uma maldição sem cura. Os filhos da puta não param. Então não tenta parar, só faz doer mais. Não tenta parar e vem sofrer comigo [...]. Porque eu te entendo. O tempo todo, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, eu te entendo. Sei sobre a bola de espinhos rasgando teu peito, sobre a confusão e a dor e a falta de ar e a perda de chão te deixando sem saber para onde ir, sobre os soluços e as lágrimas queimando teu rosto de menino e entrando na tua gola. Sei sobre nada mais importar, sobre o mundo ficar pequeno e perder o sentido. Já estive lá e sobrevivi. Sozinha, sem ninguém para me dar a mão. Você também vai sobreviver. É forte como eu, nada vai te deixar no chão. E se deixar, estarei aqui para te puxar pra cima e te abraçar e te dar colo e te limpar as feridas. Estarei aqui para qualquer coisa. O mundo pode cair, explodir, inundar, me ameaçar, a terra pode tremer e gritar e espernear e fazer o que quiser; nada vai me fazer sair do teu lado. Não achei que existisse nada assim fora dos livros que não li e dos filmes que não vi. Agora sei, nada mais me interessa. Pode ser que um dia você vá embora, nunca se sabe para onde essa vida puta e louca quer nos levar. Não importa, não importa. Você existe. É o suficiente para me deixar dormir em paz. Então vem. Vem sofrer comigo. Vem descobrir que não há ninguém além de nós. Estamos sozinhos.”
. Clarah Averbuck, Vida de Gato.