quinta-feira, 16 de junho de 2005

Calaflores no meio do caminho...

Há quase um mês escrevi esta mensagem. Como no polo não é mais possível entrar no blog, só agora conseguirei publicá-la:
No caminho da facu até a República Azúcar (minha atual residência francana) existe uma humilde casinha que reside uma senhora. Às vezes, ela fica com a cabeça enfiada no vão da porta e põe-se a olhar os transeuntes que ignoram sua vil existência. Sempre quando passava por ali aquele ar sombrio e solitário dava-me calafrios e imediatamente surgiam os questionamentos: quem será esta senhora? Qual será sua história? Será que ela vive sozinha? Infelizmente o medo era maior a qualquer dúvida existencial. No entanto, um dia desses de loucura surge a nossa frente o seguinte poema:

No alto da montanha já quase chuvosa
o velhinho passa
metade entre as nuvens, metade entre as ervas
com um ramo verde nas mãos gastas.

Que pensa, que sente, que faz, que destino
é o seu, nesta altura,
cercado de rochas, calado e sozinho,
cercado de nuvens?

E o ramo que leva, tão verde, na tarde
cinzenta e pesada,
a que primavera irá conduzindo
seu corpo ou sua alma?

Para muito longe, muito longe, passa.
Monte sobre monte,
vai-se andando sempre, sempre há um ramo verde,
e depois um largo horizonte.

Cecília Meireles

Ao ouvir tais palavras surgiu em minha frente a imagem da tal senhora. O Fá e eu começamos a conversar e tivemos a idéia de lhe entregar uma flor. No final de semana antes do feriado compramos um vaso de begônia amarela e batemos em sua porta uma, duas, três, quatro vezes e nada. Até descobrimos seu nome: Dona Cida, mas a velhinha... Aproximou o feriado e o chamado de nossas famílias a outros ares nos preocupou, afinal, cinco dias sem água era muito provável que a flor secaria em meio a nossos sonhos. Para a nossa surpresa quando chegamos, ela estava mais bela que antes. E finalmente segunda-feira nós passamos em frente a sua casa e ela estava lá... Para não perdê-la novamente pedimos para que esperasse, pois tínhamos um presente. Corremos feitos loucos e buscamos a flor para nossa querida D. Cida. Entregamos e nos emocionamos ao escutar seu agradecimento misturado com um leve enxugar nos olhos. Hoje passei e ela estava lá. Até parei para conversar um pouco.
E agora, já não sinto mais calafrios
.

4 comentários:

Anônimo disse...

Sempre entro aqui pra ver se há algo novo...Após a "parede", houve um grande hiato.Decerto tudo bem.E hoje leio sua publicação nova. Tão linda e cheia de esperança,e de bons fluídos,e de vida,e tudo, sua história! E meu grande questionamento é : Porque não há comentários? Pq há tanta discussão sobre os outros temas que vc aborda(ou transborda!rsrs) e não sobre esse, que se não viesse de vc, se eu não pudesse visualizar sua corrida pra buscar as flores(e imaginar seu riso) ficaria até piegas! Cadê os comentários sobre essa linda história que nos fala de esperança, de riso, de vida!!! Cadê? Então... Pois é de se pensar, né, meu bem? Te amo! E estou com muita, muita saudade, aqui "ilhada"...rsrsr(ai, socorro!) Bjs.M.

Paulis disse...

Realmente....Concordo com a M., mas ainda virão mais comentários...Certamente esta lendária pessoa, que por muitas vezes olhei... me surpreende a cada dia, hoje com outros olhos, depois do nevoeiro, que limpou-me a vista com suas névoas. O céu está azul, o sorriso está a vista!!! A calma, a paz se encontram e se misturam com seus desejos!!! De ser, de viver como realmente é e como gostaria de ser!!! Ha Ha Hu Hu o Bifinho é nosso!!!Ha Ha Hu Hu o Bifinho é nosso!!!

Leo e o Espelho disse...

Ooooi Bifs! E eu e meu espelho estamos aqui pra comentar as flores e a D. Cida.
Adorei o "e agora, já não sinto calafrios"... era mesmo chocante vê-la pelo vão da porta.
Uma esfinge medonha e banguela. No final, uma velhinha sem flores... e cheia de limões pra oferecer!

Paulis disse...

kd a mensagem nova Blef?