quarta-feira, 11 de outubro de 2006

Dançando com a Insônia

Rolo na cama com pensamentos que insistem em ocupar meu sono. Levanto, tomo algumas gotas do meu Rivotril na esperança de adormecer e esquecer que estou vivo e intenso. Vou ao banheiro e tento me masturbar para aliviar a solidão que me consola, ao me olhar no espelho percebo que tudo é profundamente artificial e que simples toques delicados de uma alma em chamas não valem nada diante do carinho na nuca realizado por mãos aquecidas por uma paixão que no momento inexiste. Volto a me deitar e procurar a paz de um sono que se perdeu no vão de minhas lembranças mais recentes. A dor no peito e a falta de ar me lembram do prazer de um cigarro, levanto-me novamente e saio para me encontrar com o imenso universo que me proporcionará pequenos instantes de prazer e dor. Acendo meu cigarro de palha e procuro a lua nos espaços vazios entre as folhas das árvores que persistem em escondê-la, sua timidez é conservada e se manifesta nas folhas como gotas de luz, que mais parecem reflexos da brasa de meu cigarro que se confunde com o brilho das estrelas que estão como pano de fundo de meus delírios mais lúcidos e singulares, que se renovam a cada tragada, provocando os suspiros necessários para escrever uma noite de insônia. Procuro papel e caneta para aliviar e sublimar este momento, dentro de casa o ar denso e quente me aquece temporariamente até o instante em que volto para o quintal e sinto o vento frio e esparso roçar minhas pálpebras cansadas e voltadas para o meu interior. Lá fora, os sons se mesclam com a fumaça do meu cigarro, tento escutar esta divina dança e encontrar palavras para descrever todo o seu misticismo que é absorvido pelos meus pulmões e se conjuga com o interior denso e quente que me habita, formando uma dança de movimentos leves e sensuais. Paro e volto a olhar a imensidão dos brilhos que me rodeiam, avanço alguns passos e me encontro com a lua que ofusca a brava da minha última tragada. Tomo mais algumas gotas de Rivotril e volto para minhas lembranças que se traduzirão em sonhos que esquecerei ao acordar.

Um comentário:

Paulis disse...

Ai esses delirios, a lua, uma brisa, passageira....Fazem parte do seu show...Beijos